segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Educação Inclusiva

Mari Regina C. Rocha

A inclusão e exclusão são invenções do nosso tempo. Invenções completamente dependentes e necessárias uma para com a outra (LOPES, 2007, p.11). Quando nos referimos a inclusão/exclusão, facilmente nos vem à mente uma idéia de espaço: de estar dentro ou fora; de estar de um lado ou outro de uma suposta fronteira.
Estabelecer os limites destas fronteiras é algo bastante complicado. As fronteiras da exclusão, por exemplo: aparecem, desaparecem, se multiplicam, se disfarçam, mudam de cor, de nome e de linguagem.
Nesta perspectiva, acima comentada sobre a inclusão e exclusão, a educação especial percorreu e ainda percorre um longo caminho para romper fronteiras, marcado por avanços e retrocessos. O assunto sobre o processo inclusivo foi impulsionado por movimentos sociais, no qual, esses movimentos reivindicavam igualdade entre todos os cidadãos, a partir deste momento histórico produziu-se uma significativa reflexão no campo educativo.
Nesse sentido, as escolas inclusivas não surgem repentinamente, mas são gestadas perante atitudes e ações geradas pela a sociedade como todo.
A educação especial buscou e assegurou seu espaço na Constituição Federal, de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente, de 13 de julho de 1990, na Lei de Diretrizes e Bases, Lei n.º 9394/96, na Declaração Mundial de Educação para Todos e a Declaração de Salamanca, além de muitas outras leis, decretos e portarias, que garantam a todos à educação, colocando nestes documentos a importância das instituições adequarem seus espaços, currículos, métodos, técnicas, recursos educativos para atenderem às necessidades individuais de cada educando.
Para esclarecer, entende-se como educação especial, conforme escreve Carvalho (2004, p. 17): “o conjunto de recursos que todas as escolas devem organizar e disponibilizar para remover barreiras para a aprendizagem de alunos que, por característica biopsicossocias, necessitam de apoio diferenciado daqueles que estão disponíveis na via comum da educação especial”.
A partir do entendimento da acepção de educação especial, a escola inclusiva torna-se um instrumento para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, o que faz urgente identificar as causas que estão favorecendo a exclusão desses educandos especiais.
Ao encontro do que foi discutido no parágrafo anterior, Marchesi apud Coll (2004, p.15) escreve que: o conceito de escolas inclusivas supõe uma maneira mais radical de entender a resposta educativa à diversidade dos alunos e baseia-se fundamentalmente na defesa de seus direitos à integração e na necessidade de promover uma profunda reforma das escolas, que torne possível uma educação de qualidade para todos eles, sem, nenhum tipo de exclusão.
Na escola inclusiva não há mais a divisão entre ensino especial e ensino regular; o ensino é um e o mesmo para todos, respeitando as particularidades, as diferenças. Trata-se de um ensino participativo, solidário e acolhedor. Formas mais solidárias e plurais de convivência. Uma educação global, plena, livre de preconceitos, e que reconheça e valorize as particularidades (diferenças) de cada um dos outros iguais.
Mantoan também conceitua a escola como um lugar que deva ser considerados a diferenças, sem discriminação entendendo a educação como direito de todos e a todos: "o que define o especial da educação não é a dicotomização e a fragmentação dos sistemas escolares em modalidades diferentes, mas a capacidade de a escola atender às diferenças nas salas de aula, sem discriminar, sem trabalhar à parte com alguns, sem estabelecer regras específicas para se planejar, para aprender, para avaliar (currículos, atividades, avaliação da aprendizagem especiais). (...) Em outras palavras, este especial qualifica as escolas que são capazes de incluir os alunos excluídos, indistintamente, descentrando os problemas relativos à inserção total dos alunos com deficiência e focando o que realmente produz essa situação lamentável de nossas escolas".
A escola inclusiva só é viável, se conseguirmos repensar nossos conceitos e preconceitos sobre o assunto, fazendo com que a escola seja um espaço vivo, povoado pelas diferenças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

COLL, César. Desenvolvimento psicológico e educação: transtornos do desenvolvimento e necessidades especiais. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.

CARVALHO, Rosita Edler. Removendo barreiras para a aprendizagem. 4 ed. Porto Alegre: Mediação, 2004.

Disponível em : (Mantoan: http://www.lerparaver.com/bancodeescola.)
LOPES, Maura Corcini. DAI'Igna, Maria Cláudia. In/exclusão: nas tramas da escola. Canoas: editora ULBRA, 2007.

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